Com apenas seis pequenos contos escritos em 1937, o autor, Alberto Furtado Portugal, no livro “Contos da Mata Mineira” conseguiu realçar para a época a força da literatura da Zona da Mata de Minas Gerais. Os contos retratam em detalhes pedaços da cultura rural dessa região mineira. Coloca em contraste os aspectos sociais, em que violência e a miséria humana são os panos de fundo. A ficção é posta lado a lado com a realidade, gerando uma pergunta constante ao leitor: – até que ponto esses personagens são reais? O livro conquistou a menção honrosa da Academia Brasileira de Letras, um fato de muita importância para a cultura literária da época.
Alberto Furtado Portugal se inseriu nas histórias se colocando na posição de espectador. Ele viaja no lombo do seu cavalo observando e descrevento fatos, de onde cria as suas histórias. O autor conta a vida dos personagens que vai encontrando ao longo do seu caminho. O livro é cheio de pessoas atingidas por fatalidades, reviravoltas do destino e acontecimentos brutais. Os personagens terminam suas histórias castigados e corroídos pelo próprio arrependimento e na consequência dos seus atos.
O conto “A ‘Corcunda’”, retrata uma velha que nasceu escrava e que se tortura, constantemente, procurando o perdão de um antigo crime. “A Tapera da Braúna” é o assassinato brutal de uma família de fazendeiros e, depois, se segue o castigo inesperado que vitima os executores da chacina. “Na Lapa do Ladrão”, o autor narra no conto os destinos de um caboclo chamado Anselmo. Ele se encontra com a mulher e os filhos, todos isolados numa grota no meio do mato, e em condições deploráveis, passando fome.
Já “O Sorteado” é a vivência de um rapaz que, depois de escolhido para ir à guerra, é ferido mortalmente. Ele revive então, no conto, a feliz vida que tinha na terra natal, antes de ir para a guerra. “O Solitário” conta como um homem que na beira da morte confessa os seus crimes que lhe atormentam e que causaram a sua miséria. Por último, o conto “O Joaquim Retireiro”, narra o fim trágico e macabro de um casamento. Sobressai nas narrativas dos contos de Alberto Portugal uma atmosfera do interior mineiro, bem ao gosto da Zona da Mata.
O autor, Alberto Furtado Portugal foi produtor rural, ex-professor de Geografia e ex-prefeito de Rio Preto.