Texto: Aloísio Melo Morais – jornalista.
Da Suíça para o Brasil, o artista plástico Paulo Brito Tavares que morava em Genebra, não imaginava que iria inaugurar o lendário “Burro de Ouro”, que faz parte da história folclórica do Funil, em terras de Rio Preto, MG. “Sim, fazer o burrinho foi uma honra para mim” – diz o artista que trabalhou em seu ateliê em Três Cruzes durante os últimos três meses para criar a escultura de dois metros por 1,50 de altura, em ferro chato soldado e que pesa mais de 400 quilos. A Administração Municipal de Rio Preto contratou o artista plástico para fazer a obra de arte, que já foi chumbada ao chão com cimento no mirante, no alto da Serra do Funil e que deve ser inaugurada nesta quinta-feira (23/12).
A escultura, como também a construção do mirante são iniciativas da Prefeitura de Rio Preto para estimular os turistas a ver o Burro de Ouro e contemplar as montanhas e vales da Serra do Funil, no Parque Serra Negra da Mantiqueira. A primeira vez que ouvi essa história foi do Brás, já falecido e um dos moradores mais ilustres e folclóricos do Funil. Brás dizia ter 140 anos (isso quando tinha 88), dos quais, falava: “80 são de vida e 60 de experiência dos meus antepassados”, trecho da entrevista ao jornal “O Vale Riopretano, em junho de 1994, edição nº 09”.
Próximo à também lendária “Cruz do Negro”, outro lugar folclórico do Funil, está situado o Burro de Ouro, na divisa entre Rio Preto e o município de Olaria. O lugar é um despenhadeiro. Contava Brás que por ali passavam as tropas de burros com carregamentos de ouro e diamantes trazidos de Vila Rica (Ouro Preto) com destino ao Rio de Janeiro, sede do Império.
-“Num determinado dia, a tropa se assustou e um dos burros caiu de cima do despenhadeiro e até hoje nunca ninguém desceu lá em baixo para procurar o ouro” – dizia, rindo o Brás. Verdade ou não essa história, o fato é que a lenda caiu na boca do povo e até hoje o lugar é chamado de Burro de Ouro.
De vez em quando, um ou outro se entusiasmam para organizar uma expedição ao dito despenhadeiro e procurar o ouro. Pode ser que achem o precioso metal, mas, certamente não acharão o burro que, agora, está bem vivinho no mirante da Serra do Funil – obra do Paulinho, que teve o cuidado de colocar cadeados velhos de metal amarelo nas algibeiras do burro imitando ouro.
Fabio Roque
22 de dezembro de 2021 at 20:59Sensacional matéria! A citação ao lendário Tio Braz foi uma viagem no tempo pra mim, o conheci e lamento não ter convivido um pouco mais com ele.