Onça negra em Três Cruzes

Onça negra em Três Cruzes

Texto: Aloísio Melo Morais – jornalista

Acredite se quiser leitor, mas uma pantera negra está aparecendo em Três Cruzes, distrito de Santa Bárbara do Monte Verde. A população já se acostumou com a aparição do animal, considerado extinto nas regiões da Serra Negra e Funil, menos em Três Cruzes. Ao que constatei, a onça preta escolheu o pequeno lugarejo para morar, talvez para fugir dos caçadores. O bicho só agora, depois de muitas aparições, está domesticado. Pelo que sei, não atacou nenhuma pessoa  nas redondezas trêscruzenses, e também não há denúncias de perdas de gado ou de outros animais.

A onça preta, segundo conta um dos novos moradores de Três Cruzes, Paulo Fernando de Brito Tavares Júnior, de 39 anos, “é uma realidade na minha casa. Dou de cara com ela todos os dias. Pra te falar a verdade, ela mora na minha sala” – afirma sem medo “Paulinho”, como já é popularmente conhecido.

Paulinho: onça na sala

Os moradores de Três Cruzes não se assustam com a onça, muito pelo contrário, vão à casa do Paulinho, na ruazinha perto da igrejinha ver o animal, de mais ou menos 2 metros e 1,30 de altura. “Toda preta, ela é de uma estrutura de bambú coberta com plástico e papel cimento. O dorso e o contorno do animal são de fibra de vidro e podem ficar ao ar livre tomando chuva e sol que não estragam”- garante o artesão, que tem orgulho de mostrar o seu ateliê com vários trabalhos, uns já prontos e outros em fase final de acabamento.

Um sabiá na porta da casa

– “Eu trabalho com qualquer material, seja ferro, fibra de vidro, madeira, argila, couro, ou qualquer outra coisa” – revela. Quem chega da rua para visitar o Paulinho, logo de cara é surpreendido por uma enorme sabiá no jardim da frente. O trabalho ainda não está pronto, mas, já está com estrutura de bambú e plástico pronta, tanto que ele sobe em cima da ave. “Só falta cobrir com fibra de vidro, mas pelo tamanho vai custar muito caro”- adianta o artesão, que por enquanto deixou de lado a escultura.

O artista e sua simplicidade

Pra contar um pouco da vida do Paulinho, primeiro é preciso saciar a curiosidade de saber como ele apareceu em Três Cruzes. -“Eu vim passar um tempo na casa de uma amiga em Juiz de Fora (prefere não dizer o nome) e num fim de semana, ela veio me apresentar a Três Cruzes, onde tem um sítio” – revela, ao se emocionar reverenciando o lugarejo: “Desde a hora em que cheguei aqui foi como estar voltando para a minha casa. Me encontrei. A população me aceitou”- diz, num sorriso simples.

Paulinho nasceu em Palmares, em Pernambuco. Morou em Recife e, quando tinha 21 anos foi para Genebra, lembra: “Meu pai casou-se com uma mulher suíssa e me levou para a Suíssa para eu estudar arte. Me envolvi com uma mulher francesa, Marion Castellani, com quem tenho um filho de 14 anos, o Marley Tavares de Castellani. Foi através dela, que também é uma artista, que comecei na arte, como modelo vivo”.

Depois de viver por algum tempo na França, Paulinho mudou-se com a Marion para a Alemanha. “Ela tinha uma Cia. de espetáculos de rua. Eu fiz muitos eventos públicos junto com ela para empresas e governos. Na Suíssa fiz a limpeza do Lago de Genebra, transformando lixo em arte. Em Lion, na França, trabalhei na Cia. da Marion com pernas-de-pau. Era assistente técnico e também andava nas ruas com perna-de-pau”- fala o artista, que ainda vai surpreender com outros trabalhos artísticos em fase de conclusão.

 

 

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