Em Rio Preto a riqueza da arte antiga em pedra

Em Rio Preto a riqueza da arte antiga em pedra

“Água que corre entre pedras”: um itinerário na “pétrea” memória da Zona da Mata Mineira.

(Mônica Olender – arquiteta UFJF)

No livro “Trabalhos em pedra e ofício da cantaria em Juiz de Fora e região”, pela FUNALFA, ed. 2016, o autor e artista plástico Ricardo Cristófaro, de Juiz de Fora, mostra que em Rio Preto, a 83 km de JF,  o ofício da cantaria (trabalho feito em pedra) deixou marcas de inestimável valor histórico-cultural na região.

Matriz Nosso Senhor dos Passos

O autor dedica em seu livro, de 191 páginas, nada menos que 6 (seis) páginas sobre o ofício da cantaria, executada por artesãos do século XVIII  e XVIX  na cidade. Sobre Rio Preto, estão lá no livro as obras históricas em arte na pedra na Matriz Nosso Senhor dos Passos, Igreja do Rosário e Cemitério Nosso Senhor dos Passos. No Paredão, no centro de Rio Preto, a arte também em pedra fica mais por conta dos exímios pedreiros da época, que construíram uma espécia de muro de arrimo de cerca de 6(seis) metros de altura por mais de 50(cinquenta) de comprimento, perfeitamente alinhado e com pedras sobrepostas de tamanhos diferentes.

Igreja do Rosário

Nas fotos coloridas da publicação pode-se ver a beleza das fachadas da Matriz N.S. dos Passos e da Igreja do Rosário, bem como das escadarias de pedras e dos dois pirulitos que limitam fachada da matriz.

Na área interna da igreja Matriz (abaixo) são mostrados os trabalhos dos artesãos na imponência dos pilares de 4(quatro) metros da entrada. Nos púlpitos e nas cercaduras das portas, mais trabalho artístico feito pelos cantareiros da época. No cemitério, que leva o mesmo nome da igreja matriz, também aparece na gigantesca escadaria da entrada a beleza do trabalho feito em pedras enormes. Ali, também aparece a imponência dos muros que cercam o cemitério, feitos de paredes largas em pedras de diversificados tamanhos.

Matriz – detalhes da cantaria-

O Paredão aparece em duas fotos publicadas no livro de Cristófaro, mostrando a intrincada conjugação das pedras grandes e pequenas nas construção das duas escadarias de acesso ao topo do lugar. Diz a lenda que o paredão serviu de base de plano inclinado, em andaimes e tábuas, para os escravos conduzirem com bois as pedras gigantes que estão nas paredes da Matriz Nosso Senhor dos Passos. A última vez que essas enormes pedras foram vistas pela população foi quando houve uma reforma na igreja, e o reboco das paredes foi retirado.

O caminho das pedras

Durante séculos, a pedra foi o principal material utilizado pelo homem na produção de utensílios e na construção de edificações. A presença dessa matéria-prima na história da humanidade foi tão importante que acabou por definir um período de nossa evolução: a Idade da Pedra.

Cantaria é a palavra utilizada no Brasil e em Portugal para designar a técnica e os conhecimentos específicos envolvidos no trabalho de cortar, lavrar, talhar, aparelhar, esquadrejar e esculpir rochas naturais.

Os profissionais que trabalham em cantaria são chamados de canteiros. A cantaria foi introduzida no Brasil pelos portugueses e se desenvolveu a partir de 1549. Os trabalhos de cantaria que chegaram até os nossos dias foram os realizados em Minas Gerais durante o ciclo do ouro.

One thought on “Em Rio Preto a riqueza da arte antiga em pedra

  1. Reply
    Fabio Roque
    22 de novembro de 2021 at 20:41

    Sensacional!
    Sempre me perguntei quem foram os artistas que esculpiram aqueles pilares internos da igreja.

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